The Town 2025: Interlagos vibra com trap, emoção e polêmicas no dia de abertura

Lauryn Hill shows do dia 6 de setembro do The Town 2025Foto: The Town / Divulgação

O Autódromo de Interlagos, em São Paulo, transformou-se em um caldeirão de ritmos urbanos e emoções intensas neste sábado, dia 6 de setembro, marcando o pontapé inicial dos shows do The Town 2025.

Com ingressos esgotados e uma multidão de 100 mil pessoas, majoritariamente da Geração Z, o festival enfrentou uma garoa fina e um clima frio, mas nada que abalasse o entusiasmo contagiante do público. A expectativa era alta, especialmente para o trap e o rap, que dominaram os palcos com performances memoráveis e alguns momentos de tensão.

Como foram os shows do dia 6 do The Town 2025?

Travis Scott: o “rockstar” do trap que gerou frenesi (e críticas)

A atração mais aguardada da noite, o rapper americano Travis Scott, encerrou as atividades do Palco Skyline com uma performance eletrizante, digna de um rockstar. Conhecido por sua energia e produções visuais impressionantes, Scott conduziu o público a uma dança frenética, com pirotecnia e “rodinhas punk” (mosh pits), garantindo o suor de uma plateia verdadeiramente engajada.

Hits como “CHAMPAIN & VACAY”, “BUTTERFLY EFFECT”, “Highest in the Room”, “goosebumps” e a repetida “FE!N” (tocada três vezes seguidas) incendiaram o Autódromo de Interlagos, apesar da duração mais curta que o esperado.

Por que a transmissão de Travis Scott irritou o público de casa?

Apesar da intensidade no palco, o show de Scott não foi isento de controvérsias. O rapper, que já tem histórico de atrasos no Brasil, exigiu que a transmissão pelo Multishow ocorresse com um atraso de 20 minutos, uma decisão que irritou o público em casa, gerando comentários negativos nas redes sociais.

Além disso, a performance, com pouco mais de uma hora de duração, foi considerada corrida, com pouco tempo entre as músicas e pouca interação verbal de Travis com a plateia. Scott focou mais em gritar e pular do que em cantar as letras completas, e a iluminação do palco dificultou a visibilidade para quem estava distante. O artista encerrou a apresentação abruptamente, sem sequer se despedir, frustrando parte dos fãs que ainda esperavam por mais.

Lauryn Hill: a rainha do hip-hop em uma noite histórica e familiar

No Palco The One, Ms. Lauryn Hill protagonizou um dos momentos mais aguardados e emocionantes do festival. A cantora, vestindo um traje dourado e exalando uma “vibe solar” de “Nossa Senhora da Música Preta”, entregou uma apresentação histórica, repleta de clássicos de sua carreira solo e do grupo Fugees. Apesar de um problema técnico inicial em “Everything Is Everything”, Lauryn contornou a situação e seguiu firme, exibindo seu flow afiado. Momentos de grande emoção incluíram “Ex-Factor”, inspirada em um coração partido, e “To Zion”, dedicada ao filho, com imagens dele no telão.

A noite se tornou ainda mais especial com as participações de sua família: os filhos YG Marley e Zion Marley subiram ao palco, cantando sucessos como “Three Little Birds” (em homenagem ao avô Bob Marley) e “Praise Jah in the Moonlight”, reforçando a força da música preta como mensagem de resistência. Wyclef Jean, ex-colega dos Fugees, também se juntou a ela para uma versão de “Killing Me Softly With His Song” com tempero brasileiro de samba e percussão, celebrando um encontro de culturas. A única ressalva foi a ausência de “Doo Wop (That Thing)” em sua forma completa, aparecendo apenas incorporada a outra faixa.

Interrupções e energia nos Palco Skyline e The One

Show de Don Toliver interrompido por motivos de segurança: o que aconteceu?

Ainda no Palco Skyline, a apresentação de Don Toliver foi marcada por uma interrupção inusitada. A empolgação do público fez com que as pessoas invadissem o fosso em frente ao palco, área reservada para fotógrafos e credenciados.

A organização do evento precisou paralisar o show por cerca de 20 minutos, solicitando que a plateia recuasse “por motivos de segurança”, em um protocolo internacional conhecido como “Pause show”. Apesar de ser um dos artistas mais estilosos do festival, Toliver entregou um show considerado mediano, perdendo o foco após a pausa e encerrando de forma abrupta, embora tenha feito covers e se conectado com o público de Travis Scott.

Matuê Incendeia o Palco The One

No Palco The One, Matuê reafirmou seu status como um dos nomes mais influentes do trap brasileiro. Com um público lotado e energia em alta, o cearense transformou o espaço em uma festa com cenografia futurista, efeitos pirotécnicos e um repertório recheado de hits. Participações especiais de Teto, WIU e Brandão85 em músicas como “VAMPiro” e “Isso é Sério” levaram a plateia ao delírio, que acendeu inúmeros sinalizadores, apesar da proibição.

Outros destaques do dia 6 de setembro do The Town 2025: de Karol Conká a Burna Boy

O primeiro dia do The Town 2025 foi inaugurado pelo rapper nacional Teto no Palco Factory, que aqueceu a multidão e confirmou a forte expectativa pelo trap. Karol Conká trouxe ao palco seu filho, Conjota, em uma participação surpresa, celebrando sua longevidade e representatividade no rap nacional e rebatendo críticas à liberdade de expressão feminina na música.

As gêmeas Tasha & Tracie retornaram ao festival com uma apresentação que reafirmou seu lugar de destaque no rap nacional, com uma perspectiva periférica, feminina e negra, e anunciando uma nova fase na carreira.

Já o nigeriano Burna Boy, primeiro gringo a se apresentar no Palco Skyline, trouxe um frescor com sua fusão de afrobeat, reggae e R&B. Apesar de o público estar ansioso por Travis Scott e Don Toliver, Burna Boy esbanjou carisma e presença de palco, interagindo com a plateia e pedindo para abrirem rodinhas, embora sua solicitação para tirarem as camisas tenha causado certo estranhamento.

A experiência do público e as novidades da organização

Apesar da garoa e do frio, a atmosfera do festival foi de grande energia. O público, vestindo de regatas a camisas de futebol, se aqueceu dançando e interagindo intensamente. A segunda edição do The Town também apresentou novidades, como a estreia do The Flight (balé aéreo com aviões e pirotecnia) e do espetáculo tecnológico The Tower Experience, além do Palco Quebrada, dedicado à cultura das periferias.

Transporte e estrutura do The Town 2025: o que melhorou?

A organização do The Town parece ter aprendido com a edição anterior. O acesso ao festival foi considerado mais tranquilo, com o deslocamento até Interlagos ocorrendo sem grandes dificuldades, mesmo para quem não utilizou o trem expresso. As estações de Metrô e CPTM permaneceram abertas por 24 horas, e a estação Cidade Dutra foi reativada para o Serviço Expresso, um trem com menos paradas.

No entanto, algumas questões persistiram, como filas razoáveis para comprar comida (20 a 40 minutos) e a falta de papel higiênico em alguns banheiros comuns. A segurança, embora reforçada, não impediu a entrada de sinalizadores, que foram amplamente utilizados durante os shows de trap.

Resumo do dia 6 do The Town 2025

O primeiro dia do The Town 2025 entregou uma mistura vibrante de música, emoção e uma energia inesgotável da Geração Z, prometendo mais cinco dias de festival com grandes nomes nacionais e internacionais.

By Wil Spiler

Formado em Design Gráfico e pós-graduado em Jornalismo e Marketing Digital, apaixonado pela cultura em geral e por esportes. Trabalhei em grandes redações como TV Globo, GloboNews, Lance!, SRzd, entre outras.

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