Mais de três décadas e meia depois de sua formação, o Goo Goo Dolls continua a desafiar a passagem do tempo. Longe de ser apenas uma banda nostálgica do rock dos anos 90, o duo formado por John Rzeznik e Robby Takac demonstra, com o lançamento do EP “Summer Anthem“, que ainda tem fôlego e, mais importante, relevância.
A banda, que encontrou seu lugar no mainstream com o megahit “Iris” (1998), não parece ter planos de desacelerar, e o novo trabalho é uma prova viva de que sua fórmula testada e aprovada ainda ressoa profundamente com o público.
O EP, que chega em pleno auge de uma turnê esgotada na América do Norte, surge como um presente para os fãs, um conjunto de sete faixas que encapsulam a essência sonora do Goo Goo Dolls. Apesar do título, “Summer Anthem” não se prende a clichês de verão. Em vez disso, é uma coleção de canções que flutuam entre o pop-rock polido e baladas emocionantes, um território onde a banda sempre se sentiu em casa.
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A força da familiaridade
A abertura, “Ocean”, é um tiro certeiro. Com um ritmo pulsante e ganchos irresistíveis, a faixa estabelece o tom do trabalho, mostrando que Rzeznik e Takac são, acima de tudo, compositores talentosos. A seguir, “Nothing Lasts Forever”, o primeiro single, reforça a assinatura da banda: uma canção feita sob medida para arenas e rádios, que, mesmo seguindo um caminho familiar, soa fresca e moderna, jamais datada.
Em “Slightly Broken” e “Misery”, a banda pisa no freio, navegando por caminhos mais emocionais, mas sem perder a mão na criação de refrões marcantes. Já “Such A Mystery” nos transporta de volta à era de ouro do rock nas paradas de sucesso, com um toque contemporâneo que a torna inconfundivelmente “Goo Goo Dolls”.
No entanto, a verdadeira essência emocional do EP reside na balada “Run All Night”. Embora seja um ponto alto, a canção enfrenta a sombra imensa de “Iris”, um desafio que as baladas da banda sempre terão. É o tipo de faixa que, por mais bem-feita que seja, inevitavelmente será comparada ao seu grande sucesso. O fechamento do EP, “Not Goodbye (Close My Eyes)”, é um hino grandioso e perfeito para ser tocado ao vivo, culminando o trabalho em uma nota alta e expansiva.
A magia do palco e a prova de vida
O lançamento do EP coincide com a turnê Summer Anthem 2025, um evento que, de acordo com relatos da crítica e do próprio Robby Takac, está atraindo públicos de todas as idades, incluindo uma nova geração de fãs. Esse fenômeno, em parte, é impulsionado pelo ressurgimento de “Iris” em produções recentes como Deadpool & Wolverine, mas também pela energia incansável da banda no palco.
No show em Toronto, por exemplo, o duo demonstrou que a fórmula de shows não se baseia apenas na nostalgia. Eles intercalam novos materiais com os clássicos, entregando performances eletrizantes e íntimas. O momento acústico de John Rzeznik, compartilhando sua vulnerabilidade ao falar sobre a luta contra o alcoolismo e apresentando canções como “Sympathy”, é um exemplo de como a banda se conecta de forma autêntica com a plateia, transformando um anfiteatro de 16 mil lugares em uma sala aconchegante.
Robby Takac, com sua energia juvenil e baixo customizado, completa a dinâmica, garantindo que mesmo as faixas mais recentes, como “Life’s A Message”, mantenham o mesmo espírito e magia dos álbuns clássicos.
Um vínculo inabalável
A longevidade do Goo Goo Dolls não se deve apenas à sua música, mas também à relação duradoura e, às vezes, tumultuada, entre Rzeznik e Takac. Como Robby Takac revelou em entrevista, a parceria deles, forjada em quase 40 anos, sobrevive a desentendimentos e desafios. É essa paixão, essa necessidade constante de criar música, que alimenta a banda.
“Summer Anthem” é a materialização desse espírito incansável. Não é um EP para revolucionar o cenário musical, e nem precisa ser. É um trabalho que reforça o legado de uma das bandas mais resilientes do rock, mostrando que sua assinatura sonora e a capacidade de escrever canções honestas continuam mais vivas do que nunca. É a trilha sonora perfeita para os fãs que, ao lado da banda, celebram não só um verão, mas uma jornada musical que parece não ter fim.