A maturidade em forma de música: a nova fase do Of Monsters and Men em ‘All Is Love and Pain in the Mouse Parade’

Crítica review do álbum All Is Love and Pain in the Mouse Parade do Of Monsters and Men (1)Foto: Divulgação / Virgin Music

Após seis anos de silêncio desde o lançamento do álbum Fever Dream em 2019, o grupo islandês Of Monsters and Men retorna com All Is Love and Pain in the Mouse Parade, um trabalho que representa uma evolução introspectiva e sonora.

Este álbum revela uma faceta mais madura e polida da banda, que equilibra suas raízes folk com toques de indie-pop e leves texturas eletrônicas, sem perder a identidade que marcou seus primeiros sucessos.

‘Television Love’, Of Monsters and Men

Uma evolução sonora com profundidade emocional

Diferentemente dos trabalhos anteriores, conhecidos por seus grandiosos arranjos e temas mitológicos, este álbum busca a proximidade e a simplicidade do cotidiano, trazendo uma narrativa mais humana e íntima. A produção, realizada pela própria banda em seu estúdio na Islândia, imprime uma ambientação cálida que sustenta as reflexões sobre tristeza, ansiedade e as emoções cotidianas não ditas.

As harmonias vocais entre Nanna Hilmarsdóttir e Ragnar þórhallsson continuam sendo o ponto central da expressividade da banda, criando diálogos emocionais que permeiam as canções, como em “Television Love”, faixa de abertura que evoca uma conversa distante entre amantes, e em “Dream Team”, que mistura otimismo despretensioso com uma melancolia subjacente.

‘Dream Team’, Of Monsters and Men

Destaques e contradições

O álbum não tem pressa para revelar seus momentos mais fortes. A faixa “Fruit Bat”, com seus impressionantes oito minutos, é um crescendo instrumental e emocional que demonstra a coragem da banda em experimentar sem medo de alongar a experiência auditiva. Por outro lado, faixas como “Kamikaze” e “The Block” podem parecer mais discretas, quase passando despercebidas em meio à profundidade das outras músicas.

O ponto alto da obra é a contagiante “Ordinary Creature”, que traz um ritmo mais vivo e uma sensação de renascimento, contrastando com a melancolia predominante sem abandonar a essência contemplativa do álbum.

‘Fruit Bat’, Of Monsters and Men

O hiato necessário e um renascimento artístico

Este disco simboliza o recomeço tranquilo de uma banda que não precisa mais provar seu valor, mas que escolhe existir com autenticidade e delicadeza. O hiato de seis anos não foi um vazio, mas sim uma pausa vital, permitindo que os integrantes se reconectassem pessoalmente e redescobrissem o prazer em criar juntos, algo que transparece na naturalidade e coesão do álbum.

‘Ordinary Creature’, Of Monsters and Men

Conclusão: uma obra para apreciar lentamente

O álbum All Is Love and Pain in the Mouse Parade não é um retorno explosivo do Of Monsters and Men, mas sim um registro profundamente humano, um convívio entre amor e dor que se manifesta em arranjos cuidadosamente trabalhados e letras contemplativas.

De fato, há alguns momentos em que a lentidão das músicas pode cansar alguns, no entanto, o álbum consegue sempre manter um equilíbrio sensível entre emoção e melodia que promete agradar tanto fãs antigos quanto novos ouvintes. Um verdadeiro deleite para os ouvidos.

Ouça o novo álbum All Is Love and Pain in the Mouse Parade, do Of Monsters and Men

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By Wil Spiler

Formado em Design Gráfico e pós-graduado em Jornalismo e Marketing Digital, apaixonado pela cultura em geral e por esportes. Trabalhei em grandes redações como TV Globo, GloboNews, Lance!, SRzd, entre outras.

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